Justin
Wren já foi considerado um nome promissor do UFC, com chances de seguir as
estrelas da franquia. Mas o norte-americano peso pesado resolveu trocar os
socos no octógono por uma causa bem mais nobre. Missionário, o lutador passa a
vida agora ajudando tribos de pigmeus africanas a sobreviverem na selva em meio
a chacinas e até a ataques brutais de canibalismo.
O atleta de 25 anos já
viajou em dois períodos de um mês para o meio da floresta do Congo auxiliando o
“povo mais oprimido do mundo”, segundo suas palavras. Agora, ele se prepara
para retornar em julho e ficar mais um ano ininterrupto ao lado dos pigmeus.
“Ao invés de lutar para os ricos assistirem, vi que poderia lutar para ajudar
as pessoas que realmente precisam, aqueles que ninguém defende. Eles são o povo
mais necessitado do mundo. Vivem no meio da floresta, a 85 quilômetros da
civilização. Eles não têm acesso aos medicamentos e ninguém quer saber deles.
Visitei nove vilas ao todo e nenhuma delas tinha um só cobertor. As pessoas
dormem literalmente na terra”, afirmou Wren em entrevista ao UOL Esporte.
As
tribos de pigmeus do Congo são alvos de ataques étnicos e territoriais
constantes por ficarem localizadas em algumas das áreas mais ricas do mundo do
minério “coltan” - também apelidado de ouro azul. O povo é massacrado por
rebeldes em meio à guerra civil no país e também é alvo de ataques canibais,
pois alguns grupos rivais acreditam que a carne de pigmeus dá poderes
sobre-humanos. “Os pigmeus são caçados, cozinhados e comidos. Assim mesmo. Eles
procuram os órgãos de crianças em busca de poderes. As crenças são bem
malvadas. Até mesmo o vice-presidente do país foi preso por assassinato e
canibalismo”, comentou Wren, citando Jean-Pierre Bemba, acusado de estar ligado
a assassinatos e estupros em massa.
Os dados realmente impressionam. Um estudo
de sociólogos americanos apontou que 48 mulheres são estupradas a cada hora na
República Democrática do Congo. E entre as tribos de pigmeus, os problemas são
ainda maiores: quatro de cada dez crianças da etnia morrem antes de atingir
cinco anos. Mas apesar de toda a brutalidade, Justin Wren disse que ainda não
precisou usar na selva suas habilidades como lutador. O americano não chegou a
presenciar nenhum ataque, mas admite que essa possibilidade será real quando
regressar ao país no meio do ano. Justin Wren é recebido por crianças no Congo
“Tentamos manter a paz acima de tudo. Já houve vezes em que eu realmente tive
vontade de lutar ao ouvir algumas coisas, mas tentamos manter a paz com todos,
atém mesmo com quem escraviza os pigmeus. Talvez um dia eu realmente precise
lutar, mas eu só quero a paz e mais nada”, ressaltou o atleta, apelidado pelos
locais de “Efeosa” (“O homem que nos amava”).
Justin Wren se tornou
conhecido dos amantes de MMA ao participar da décima temporada do reality show
“The Ultimate Fighter”, nos Estados Unidos. Ele foi treinado por Rashad Evans e
acabou fora do quadro de lutadores do UFC ao ser derrotado por Jon Madsen no
evento final da temporada. Depois disso, ainda somou três vitórias seguidas até
parar de lutar em 2010. Apesar da vida longe do octógono, Justin Wren afirma
que ainda acompanha atentamente o que acontece no UFC.
Fã de Junior dos Santos
e Rodrigo Minotauro, o atleta pediu por uma nova luta entre Cigano e Cain
Velásquez, favorecendo o brasileiro no terceiro combate. “A divisão dos pesados
é muito dura, com caras bons. Estou esperando muito por uma terceira luta entre
o Junior dos Santos e o Cain Velásquez. Se o JDS mostrar a mesma motivação que
teve na primeira vez, ele deve ganhar. É muito atlético e forte, mas com
certeza é uma luta bem disputada, que pode ir para os dois lados”, avaliou
Wren.
Afastado dos combates há três anos, o atleta não descarta retornar ao
MMA, principalmente para usar a visibilidade dada pelo esporte para divulgar
sua causa. “Ainda tenho 25 anos e sou mais novo que a maioria dos pesos
pesados. Com certeza poderia lutar, mas primeiro quero voltar à África”,
completou.
Fonte: BOL Notícias
Abaixo, um vídeo feito pelo próprio Wren, onde as crianças veem um homem branco pela primeira vez na vida.
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