INTRODUÇÃO
Quem nunca ouviu falar nos “Cinco Pontos do Calvinismo”? Este pequeno estudo introdutório visa trazer uma visão geral da soteriologia calvinista, definida assim, pelos teólogos reformados da Holanda. Meu objetivo com este estudo foi de familiarizar e reavivar o conhecimento doutrinário dos oficiais e professores de Escola Bíblica e demais líderes da Igreja.
Evidentemente, este foi só um estudo introdutório, que abriu as portas para o estudo minucioso de cada um desses pontos. Não tenho dúvidas de que, como oficiais, docentes e líderes da Igreja Presbiteriana do Brasil, é de suma importância que saibamos o que são, quais são e para que servem esses “5 pontos”, a fim de ensinarmos melhor nossos alunos e para termos um conhecimento doutrinário mais substancial, estando prontos para responder a todos aqueles que pedirem razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15).
1. Autoria
Ao contrário do que muitos pensam, não foi João Calvino quem escreveu “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Se não foi Calvino, quem foi então? Eles foram formulados pelo Sínodo de Dort – um Sínodo convocado pelos estados Gerais da Holanda e composto por um grupo de 84 Teólogos e 18 representantes seculares, entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13/11/1618 até 05/1619. Portanto, estes “pontos” foram fundamentados nas doutrinas de Calvino, 54 anos após sua morte (1509-1564).
2. Razão de sua Escrita
Os “Cinco Pontos” foram formulados em resposta a um documento que ficou conhecido na história como “Remonstrancia” (protesto) apresentado na Holanda pelos discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem.
Este documento tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu mestre. Desta forma, a única razão pela qual “Os Cinco Pontos do Calvinismo” foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos de Arminius.
3. Porque Cinco Pontos?
Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo”. Em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico popular que na língua inglesa significa:
T otal Depravity | Total Depravação |
U nconditional Election | Eleição Incondicional |
L imited Atonement | Expiação Limitada |
I rresistible Grace | Graça Irresistível |
P erseverance of Saints | Perseverança dos Santos |
4. Os Cinco Pontos do Arminianismo Vs Os Cinco Pontos do Calvinismo
Arminianismo | Calvinismo |
1. Vontade Livre – a vontade do homem é “livre” para escolher a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé. | 1. Depravação Total – o homem não regenerado é absolutamente escravo do pecado, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo. |
2. Eleição Condicional – Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem. | 2. Eleição Incondicional – o pré-conhecimento de Deus está baseado no Seu propósito, de modo que a eleição não está baseada em condição humana, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto. |
3. Expiação Universal – Cristo morreu para salvar a todos. Mas é preciso se decidir por Ele, mediante o livre-arbítrio. | 3. Expiação Limitada – Cristo morreu para salvar as pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. |
4. A Graça resistível – ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), como Sua vontade está amarrada à do homem, o Espírito Santo pode ser resistido, se o homem assim o quiser, porque só ele pode determinar se quer ou não ser salvo. | 4. Graça Irresistível – a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. |
5. O Homem pode Cair da Graça – o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também se perder depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! | 5. Perseverança dos Santos – a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo”, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus. Os eleitos ‘perseverarão' pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que Ele mesmo começou. |
5. Considerações Finais
Spencer nos diz que após o Sínodo de Dort se reunir em 154 Sessões num “completo exame das doutrinas de Arminius e comparar cuidadosamente seus ensinos com os ensinos das Escrituras Sagradas, chegaram à conclusão que os ensinos de Arminius eram heréticos (...) E não somente isto, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos ‘remonstrantes' depondo-os dos seus cargos, e a autoridade civil (governo) os baniu do país por cerca de seis anos”.
A diferença crucial entre o Arminianismo e o Calvinismo se resume na palavra Soberania. Enquanto os calvinistas entendem que Deus opera a salvação na vida do ser-humano conforme a sua livre e soberana vontade, os arminianos salientam que o homem é capaz de por si só querer ou não ser salvo. Se partirmos da premissa que o homem está completamente morto diante de Deus como nos ensina Ef 2.1, entenderemos porque a salvação depende tão somente da graça e da misericórdia do SENHOR, pois “não depende de quem quer ou quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16).
Parabéns Rodrigão...muito show....gostei...sou um seguidor ativo aqui no seu blog...
ResponderExcluiros 5 pontos é o mais Lógico e aceitavel, e acima de tudo..atual....pois mesmo depois de anos ainda esta vivo em nossos corações.
é tudo tão claro, como pode muitos não compreenderem e ou entenderem?