Antes de tudo,
quero deixar claro uma coisa: Eu creio em milagres. Estou plenamente convicto
de que os milagres bíblicos foram reais, tal como descritos na infalível e inerrante
Palavra de Deus. Também creio que os milagres possam acontecer nos dias de
hoje, afinal de contas, o Deus de ontem é o mesmo de hoje e o será para sempre.
Milagres tem
sido assunto de grande discussão hoje em dia. Não são poucos os que os
confundem com os “sinais”, mencionados por Jesus em Mc 16.17,18: “17Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em
meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; 18pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera
beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão
curados”.
No grego
neo-testamentário, a palavra usada para “sinais” é shmeion, que significa um
sinal mediante o qual se reconhece uma pessoa, ou coisa específica, uma “marca”
ou “prova” confirmatória, corroborativa e autenticadora. O sinal era algo
realizadode maneira sobrenatural por Jesus Cristo e, posteriormente pelos
apóstolos, a fim de comprovar a sua comissão divina. Por isso, das 77 vezes que
aparece esta palavra no Novo Testamento, 48x acontece nos Evangelhos e 13x em
Atos dos Apóstolos – livros que relatam a vida de Jesus e o início da Igreja.
A palavra grega
mais usada para “milagres” no Novo Testamento é dunamij, que significa “poder”.
Assim, biblicamente, milagre é uma demonstração do poder de Deus, salvando,
restaurando, curando, etc. Outra palavra usada para “milagres” é teraj, que significa “prodígio”.
Geralmente esta palavra é usada no plural e em combinação com shmeion, a fim de
diferenciar as duas intervenções. A palavra teraj ocorre, na maioria
das vezes, em Atos.
Entendamos,
portanto, que: Os sinais ficaram limitados ao período apostólico – com a
finalidade da confirmação da pregação tantos do Senhor Jesus, quanto à dos Seus
apóstolos. Já os milagres, são intervenções sobrenaturais de Deus, alterando a
estrutura e a vida humana, bem como o curso da natureza, não com o propósito
revelador, uma vez que já temos a Revelação completa, a saber, a Palavra de
Deus. Em última instância, o propósito dos milagres é a glória de Deus e não a
Sua revelação ou confirmação da Sua presença e/ou, aprovação.
Os milagres são
intervenções soberanas de Deus e, ainda que Ele use homens para a operação de
alguns deles, estes nunca podem ser agendados por quem quer que seja. Deus é
livre para realizar os milagres, contudo, Ele também o é para retê-los. Podemos
cantar “hoje o meu milagre vai chegar, eu
vou crer, não vou duvidar”, mas caso ele não venha, não devemos deixar de
crer e nem nos martirizarmos com sentimentos de culpa por uma suposta falta de
fé. Lembremos sempre: Os milagres são intervenções divinas e não humanas.
Não devemos cair
no erro de entendermos que palavras do tipo “se
creres verás a glória de Deus” (Jo
11.40), estão ligadas diretamente às nossas causas pessoais. É claro que devemos
crer que o milagre pode acontecer, mas entendamos que a palavra final é de Deus
e não nossa ou de algum “curandeiro da fé”. A boa hermenêutica ensina que textos
bíblicos que mostram relatos históricos específicos, não devem ser usados como
doutrina.
Influenciados
pelo neopentecostalismo e, no afã de verem seus rebanhos crescerem, muitos pastores
tem apelado para os famosos “cultos de
milagres”, “culto da vitória”, “tardes da bênção”, com a presença do “homem de Deus”, do “profeta”, “apóstolo”, “patriarca” e coisas do tipo. O problema
não é a realização de cultos e orações clamando por milagres, mas o pragmatismo
e a tentação de agendar a ação do Espírito Santo. E o que dizer então, se o milagre
não chegar? Faltou fé? Da parte de quem?
Milagres são
reais e contemporâneos, mas as extravagâncias evangelicais e
pseudo-evangelicais têm feito muita gente desacreditar deles. Quando eles
supostamente acontecem, as pessoas são convidadas a gritar, a “glorificar de pé” e a contribuir com
quantias determinadas para que “a obra
continue”. Mas quando eles não acontecem... Nesse meio, os milagres, que
nas Escrituras são descritos como algo sobrenatural, perderam esse peso, afinal
de contas, eles são tão corriqueiros e normais: É a dor no dedão que passou; a
dor de cabeça que parou; o caroço que sumiu, e por aí vai.
Creio em
milagres. Creio na soberania de Deus. Creio que Ele age quando, onde, como e em
quem quer – independente de qualquer coisa ou de qualquer pessoa. Creio que não devermos nos colocar no lugar dEle. Em hipótese alguma! Hoje o seu milagre
pode chegar! Mas se, porventura não acontecer como queres, lembre-se: Deus sabe
exatamente o que de fato precisamos. Por isso, continue crendo, mesmo que você tenha
que esperar um pouco mais.
Rev. Rodrigo G.
da Silva
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