quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Halloween – a verdade por detrás da festa (1 de 3)


Nesses dias que antecedem o chamado "Dia das Bruxas", que trazer aos leitores do blog, um pouco sobre as origens, simbologias e práticas que envolvem essa, aparentemente, simples festa. Para tal, apresentarei 3 posts. Peço a você que leia e pense sobre isso. Infelizmente, o Halloween já é uma realidade no Brasil, a despeito de não fazer parte da nossa cultura, mas,com o advento da globalização e a popularidade das escolas de inglês, esta festa já faz parte do calendário de muitas boates e bares.

O Halloween, ou festa do “Dia das Bruxas”, como é conhecida no Brasil, surgiu na Europa, centenas de anos antes de Cristo. Originalmente, o Halloween era um ritual dos celtas, um povo que habitou a Grã-Bretanha e o norte da França entre o ano 2000 e o ano 100 antes da era cristã. Para eles, a noite de 31 de outubro indicava o início do Samhain, uma importante celebração dedicada ao “Senhor da morte” e que marcava 3 fatos: 1) O fim da colheita; 2) O Ano-Novo celta e 3) O início do inverno, “a estação da escuridão e do frio”, um período macabro e associado aos mortos.

A historiadora Clare Downham, da Escola de Estudos Celtas, na Irlanda afirma: “No Halloween, segundo a mitologia desse povo, era possível entrar em contato com o mundo dos desencarnados”. Como se pregava que esse contato libertava todo tipo de espírito, as pessoas acreditavam que, durante aquela noite, fantasmas, demônios, bruxas, duendes e fadas ficavam à solta e vinham atormentar os vivos e até mesmo possuí-los.

Para afugentar essas criaturas sobrenaturais, os celtas se fantasiavam com peles e cabeças dos animais abatidos para o inverno e saíam às ruas fazendo barulho. A crença nos espíritos também despertou outros costumes típicos da festa, como o uso de leite e comida para acalmar os visitantes do além. Eles também acendiam grandes fogueiras para espantar esses espíritos.

Druidas

Os celtas tinham medo do Samhain e, para agradar-lhe, os druidas, que eram os sacerdotes pagãos celtas, realizavam rituais macabros. Fogueiras (feitas de carvalhos por acreditarem ser essa uma árvore sagrada) eram acessas e sacrifícios eram feitos em homenagem aos deuses. Criminosos, prisioneiros e animais eram queimados vivos em oferenda às divindades.

Fogueira de um ritual à Samhain

Os druidas criam que essa era a noite mais propícia para fazer previsões e adivinhações sobre o futuro. Essa era a única noite do ano onde a ajuda do “Senhor da Morte” era invocada para tais propósitos. Neste dia, os druidas, saiam de casa em casa pedindo comida para oferecer às entidades em seus rituais. Quem se recusasse a dar, era amaldiçoado e atormentado através das magias.

Um dos rituais para desvendar o futuro consistia da observação dos restos mortais dos animais e das pessoas sacrificadas. O formato do fígado do morto, em especial, era estudado para se fazer prognósticos acerca do novo ano que se iniciava (hepatomancia). Essa prática ocultista aparece no Antigo Testamento sendo realizada pelo rei da Babilônia: “Porque o rei da Babilônia pára na encruzilhada, na entrada dos dois caminhos, para consultar os oráculos: sacode as flechas, interroga os ídolos do lar, examina o fígado” (Ez 21.21).

Ilustração de uma hepatomancia druida


A modificação romana dos ritos celtas

Papa Gregório III

Em 43 d.C., os romanos dominaram os celtas e governaram sobre a Grã-Bretanha por cerca de 400 anos. Assim, os conquistadores passaram a conviver com os rituais dos celtas. Durante séculos, a Igreja Católica Romana celebrava “O Dia de Todos os Mártires” em 13 de maio. O papa Gregório III (papado de 731-741), porém, dedicou a Capela de São Pedro, em Roma, a “todos os santos” no dia 1º de novembro. Assim, em 837, o papa Gregório IV introduziu a festa de “Todos os Santos” no calendário romano, tornando universal a sua celebração em 1º de novembro. A partir de então deixou-se de celebrar o “Dia dos Mártires” em maio.


Papa Gergório IV

Na Inglaterra medieval esse festival católico ficou conhecido como “All Hallows Day” (“Dia de Todos os Santos”). A noite anterior ao 1º de novembro era chamada “Hallows Evening”, abreviada Hallows’ Eve e, posteriormente, “Hallowe’en”.

Mais de um século após instituir o “Dia de Todos os Santos”, a Igreja Católica, através da sua Abadia de Cluny, na França, determinou que o melhor dia para se comemorar o “Dia dos Mortos” era logo após o “Dia de Todos os Santos”. Assim, ficou estabelecido o “Dia de Finados” no dia 2 de novembro.

Para a Igreja Católica, a noite de “Hallowe’en”, o “Dia de Todos os Santos” e o “Dia de Finados” são uma só seqüência e celebram coisas parecidas – a honra e a alma dos mortos! O catolicismo, na verdade, tentou fazer um meio termo entre Cristianismo e paganismo.

Continua...

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