quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A idolatria a John Piper


O presente artigo é da autoria de Joelson Gomes, pastor congregacional de João Pessoa/PB e professor no Seminário Teológico Evangélico Congregacional, na mesma cidade. Uma reflexão interessante e equilibrada acerca do perigo da idolatria.

Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1Jo. 5.21).

Temos conhecimento que as pessoas costumam idolatrar cantores, atores, e até alguns escritores, parece que isso é uma tendência humana. Quem não ouviu alguém dizer: “Meu ídolo é fulano de tal”. Nesses últimos dias assistimos pela TV massas ensandecidas cultuando seus ídolos no Rock in Rio, e no último fim de semana Justin Bieber levou a histeria milhares de adolescentes sem referencial musical ou humano.

No meio gospel a mesma coisa acontece. A cada novo ministério de cabelo crespo que aparece é uma legião de tietes dando gritinhos e suando ao ver seus anjos de calças coladas assassinando a boa música e a teologia em cada novo cd. Falando-se dos pregadores, não é preciso ir longe, é só ver os cartazes ou ligar a TV e assistir os programas em que apóstolos paraguaios desfilam com cara de santo e voz chorosa, e pastores da prosperidade fazem rezas milagrosas para fãs que dão até as calças para sustentá-los e quem sabe ter uma garrafada santa de Israel, ou um óleo de soja benzido. Mas, isso é coisa de pentecostal ou neo-pentecostal dizem alguns.

Do outro lado estão os reformados. Estes têm a teologia certa, não são meninos na fé e tem a verdade para quem quiser aprendê-la. Não entram nessas coisas. Será? Parece que não é bem assim pelo menos em alguns arraiais. Nos últimos dias tivemos a abençoada Conferência Fiel para Pastores Líderes, e nesse ano entre outros pregadores veio John Piper. Ora, quem milita no meio cristão, sabe quem é Piper, bom escritor e pregador norte-americano que tem feito sucesso pelo mundo. Aqui no Brasil editoras se estapeiam para editar seus livros, e realmente ele tem pregado a Palavra de Deus onde vai. Como muitos pobres mortais, não tive dinheiro para ir a conferencia, mas assisti quase todas as palestras de Piper pela net, pois a Fiel fez uma ótima transmissão ao vivo e de graça. Visão de reino. Até aí tudo bem, não fosse algumas coisas que tenho observado.

A janela de transmissão tinha um link direto com o facebook e você podia colocar suas impressões à medida que a palestra ia se desenvolvendo, e é aí que quero chegar. As pessoas que escreviam parece que estavam ouvindo Jesus Cristo. Quando ia chegando a hora de Piper subir ao púlpito, causava um tchan nos telespectadores, nego dizia: “é agora”, outro mandava: “Deus vai falar”, etc. etc. Como se o palestrante anterior fosse apenas uma abertura do show principal. Quando Piper dizia: “Glória a Deus”, gente escrevia: “que maravilha, nunca ouvi isso”. As palestras de Piper foram simples, coisa que estou acostumado a ouvir, e a pregar sobre, mas os comentários era como se tivessem, ouvido a última flor do Lácio. Pensei comigo: ou nas igrejas desse pessoal não tem pregação, ou eu estou ficando pirado. Tem alguma coisa errada. Como dizia Caetano: "alguma coisa está fora da ordem". Ao que parece era como se as coisas mais corriqueiras do mundo só porque estavam sendo ditas por Piper tivessem um outro sentido. Viessem com uma auréola de santidade. Era o efeito Piper. A coisa estava como os que escrevem nos jornais: “Papa Bento XVI condena a violência”. Ora todo mundo condena a violência todo dia, mas só porque foi o Papa que disse então sai no jornal. Imita-se isso no meio reformado com certos pregadores.

Disso tudo o que fica é que não podemos esqucer que John Piper é um pastor, um homem como todos os outros, um pregador da palavra como todos os outros que são sérios pregadores da Palavra. Ninguém aqui tira seu mérito, mas ele não faz nada mais do que a obrigação para a qual foi chamado: pregar todo conselho de Deus.

Devemos ter cuidado para cair no que se condena. Não se idolatra cantor, ator, mas se idolatra pregador e escritor. Creio que Piper deve ter passado maus bocados com tanto fã querendo tocar nele, ficar perto dele, na Fiel e por onde andou. É claro que é legitimo a alguém querer conhecer um pregador ou escritor que admira, querer tirar uma foto de recordação, e pronto, mas sabemos que tem gente que quer mais que isso, e vê na pessoa que ali está mais que um simples humano, mortal, pecador. É isso que tem que ser policiado.

Sim, a quem honra, honra, mas nunca honra além da conta. Que estejamos atentos as ciladas da vida.

Fonte: Graça Plena com grifos meus.

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