Muitos
conhecem a acusação de que os calvinistas se preocupam somente com doutrina e
são indiferentes à evangelização e missões. Além disso, o calvinismo é acusado
de ser contraproducente em relação ao empreendimento de evangelização e
missões. Isso é errado não somente no que diz respeito à história, conforme
revela um exame da lista de grandes pastores-evangelistas e missionários que
eram declaradamente calvinistas (ou seja, George Whitefield, Charles H.
Spurgeon, William Carey, David Brainerd, Jonathan Edwards, etc.), mas também no
que diz respeito ao próprio Calvino.
A paixão de
Calvino como pastor-evangelista se revelou de várias maneiras. Calvino evangelizava
persistentemente as crianças de Genebra, por meio de aulas de catecismo e da
Academia de Genebra. Além disso, ele treinava pregadores a rogarem aos homens e
mulheres que seguissem a Cristo. A visitação na enfermidade prescrevia uma
conversa evangelística. Até uma análise superficial dos sermões de Calvino
mostra de imediato um zelo permanente para que homens e mulheres fossem
convertidos a Cristo.
E o que
podemos dizer sobre missões? O Registro da Venerável Companhia de Pastores
relata que 88 missionários foram enviados de Genebra. De fato, houve mais do
que cem, e muitos deles foram treinados diretamente por Calvino. Contudo,
missões foram realizadas em um nível mais informal. Genebra se tornou o imã de
crentes perseguidos, e muitos desses imigrantes foram discipulados e retornaram
ao seu país como missionários e evangelistas eficazes.
Quando se
acalmaram os tempos turbulentos no ministério pastoral de Calvino, surgiu a oportunidade
para expansão missionária intencional e implantação de igrejas. A bênção de
Deus sobre os esforços missionários de Calvino e das igrejas de Genebra, de
1555 a 1562, foi extraordinária — mais de 200 igrejas secretas foram implantadas
na França por volta de 1560. Até 1562, o número crescera para 2.150, produzindo
mais de 3.000.000 de membros. Algumas dessas igrejas tinham congregações que
totalizavam milhares de membros. O pastor de Montpelier informou a Calvino,
numa carta, que “nossa igreja, graças a Deus, tem crescido, e continua a
crescer tanto a cada dia, que pregamos três sermões aos domingos para mais de
cinco ou seis mil pessoas”.
Outra carta,
do pastor de Toulouse, declarava: “Nossa igreja continua crescendo até ao admirável
número de oito ou nove mil almas”. A amada França de João Calvino, por meio de
seu ministério, foi invadida por mais de 1.300 missionários treinados em
Genebra. Esse esforço, conjugado com o apoio de Calvino aos valdenses, produziu
a Igreja Huguenote Francesa que quase triunfou sobre a Contra-Reforma católica
na França. Calvino não evangelizou e implantou igrejas somente na França. Os
missionários treinados por ele estabeleceram
igrejas na Itália, Holanda, Hungria, Polônia, Alemanha, Inglaterra, Escócia e
nos estados independentes da Renânia. Ainda mais admirável foi uma iniciativa em que enviou missionários ao Brasil.
O
compromisso de Calvino com a evangelização e missões não era teórico, mas, como
em todas as outras áreas de sua vida e ministério, era uma questão de atividade
zelosa e compromisso fervoroso.
Extraído do livro John Calvin: a
heart for devotion, doctrine, and doxology. Capítulo 5 – Calvino o
Clérigo da Reforma. Editado por Burk Parsons (Reformation Trust, Orlando,
2008).
Fonte: Trovian
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